Você está tirando sua carteira nacional de habilitação. Está dirigindo em sua aula prática e, de repente, começa uma chuva torrencial, seguida de um céu claro e uma pista com animais silvestres correndo livres. Parece perigoso, mas é simplesmente uma simulação virtual – sim, em um simulador de direção.
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) informou a partir do dia 20 de julho o simulador de direção veicular será obrigatório nos centros de formação de condutores (CFCs) em todo o Brasil. Se você quer tirar sua carteira de habilitação, terá que passar por horas aula de simuladores.
O simulador de autoescola, no entanto, não irá excluir a necessidade das aulas práticas reais, fora do simulador. As aulas no aparelho deverão ocorrer após o aluno ter feito o curso teórico e antes de iniciar a prática nas ruas, contando um total de cinco horas/aula no simulador dentro das autoescolas.
Isso já é uma realidade para quem mora nos Estados do Rio Grande do Sul, Acre, Paraíba e Alagoas, que já exigem as aulas nos simuladores antes da decisão do Contran para nível nacional. Seu presidente, Alberto Angerami, indica que o número de acidentes caiu nos estados onde a tecnologia de simulação já é aplicada, já que o aluno não vai totalmente despreparado para as ruas por já possuir uma familiaridade anterior com o simulador.
Segundo a resolução dessa segunda feira, as autoescolas tem até o dia 31 de dezembro de 2015 para se adaptarem a nova regra.
Segurança dos simuladores de direção
O assunto gera polêmica quando se trata do nível da simulação, já que muita gente que utilizou os aparelhos diz que há controles falhos, com atraso na resposta dos comandos e os famosos lags na reprodução da simulação.
No entanto, o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) analisou diversos simuladores utilizados nas autoescolas do Brasil e, após quatro meses de estudo, identificou que os aparelhos são “uma importante ferramenta para o processo de ensino e aprendizagem de direção veicular”.
Alguns problemas técnicos foram identificados, como falhas no software, erros de sinalização e um ocasional mal-estar que pode ser provocado pela simulação. No entanto, os maiores pontos de atenção encontrados pelo Observatório são relacionados ao plano educacional, como a falta de um padrão construtivo, falta de padrão pedagógico na utilização dos equipamentos por parte dos instrutores e deficiências no feedback aos alunos.