A velocidade das marginais Tietê e Pinheiros continuam a ser assunto na cidade de São Paulo. A gestão Haddad da prefeitura de São Paulo diminuiu, no começo de 2016, o limite de velocidade nas vias marginais da cidade: nas pistas expressas, a velocidade máxima para carros caiu de 90 para 70 km/h; nas centrais, caiu de 70 para 60km/h; e nas pistas locais, a velocidade máxima foi diminuída de 60 para 50 km/h.
De acordo com o prefeito, a ideia era diminuir as mortes, principalmente de pedestres, nas vias: em 2014, 73 pessoas morreram nas marginais, o maior número entre todas as estradas da cidade. A repercussão foi dividida: enquanto alguns apoiaram a medida, outros foram contra. Veja algum dos argumentos nessa reportagem do portal G1 – como diminuir os acidentes na cidade ou aumentar o caos no trânsito em níveis maiores ainda.
Agora, o novo prefeito, João Dória, que assume dia 1º de janeiro, irá voltar com as velocidades nas marginais: nas pistas expressas a velocidade será de 90km/h, nas centrais 70km/h e nas locais 60km/h. O limite de 50km/h será adotado apenas nas faixas à direita, utilizadas por ônibus e quem fará conversões.
A mudança, que foi um dos pontos da campanha de Dória, era prometida para o dia 1º de janeiro. Contudo, por motivos de organização, principalmente no quesito sinalização, a mudança ficará para o aniversário da cidade de São Paulo, dia 25 de janeiro.
Segundo o artigo 61 do Código de Trânsito, vias como as marginais poderiam ter trânsito de até 80 km, caso não houvesse sinalização. O mesmo artigo, no entanto, diz que esses limites podem ser regulados pelos órgãos ou entidades de trânsito para mais ou para menos de acordo com as condições individuais da pista. Ou seja, a redução de velocidade nas vias marginais está de acordo com o CTB se tiver alguma condição da pista que indique necessária a mudança.
A situação de mortes no trânsito do Brasil é consideravelmente alta: 22,5 pessoas morrem em acidentes de trânsito em cada 100.000 habitantes, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, ou seja, muito ainda se deve fazer para melhorar os números de segurança viária no país. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos morrem 11,6 pessoas a cada 100.000 habitantes e na Argentina, morrem 12,4 a cada 100.000. O país com maior concentração de mortes no trânsito é a Eritreia, com 48,4 mortes a cada 100.000 habitantes. Você pode consultar a lista completa aqui.
O que muda a diminuição da velocidade?
Depende muito do país. Na Alemanha, por exemplo, famosa pelas “autobahns”, estradas sem limites de velocidade definidos, o número de mortes no trânsito é de apenas 4,3 em cada 100.000 habitantes. Evidentemente, são estradas que ligam regiões do país e não vias de trânsito rápido como as marginais, mas o número de mortes é melhor que em regiões urbanas: 1,7 mortos contra 4,6 nas cidades para cada bilhão de quilômetros dirigidos.
Já no Japão, por exemplo, o limite federal de velocidade é de 60 km/h, exceto em rodovias, onde o máximo é 100 km/h. Em áreas urbanas, é comum que o limite não passe de 40 km/h. No país, morrem 4,8 pessoas no trânsito a cada 100.000 habitantes. Vale lembrar que o Japão tem a cidade mais populosa do mundo, Tóquio, cujo trânsito é caótico como o de São Paulo.
Na cidade de São Paulo, a redução trouxe números positivos segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Um anos antes da diminuição da velocidade nas marginais, no primeiro semestre de 2015, ocorreram 608 acidentes e 27 atropelamentos. Depois da mudança, no primeiro semestre de 2016, os números caíram para 380 acidentes e 9 atropelamentos.
Existem outras medidas além da diminuição da velocidade. Por exemplo, no Líbano, que tem uma taxa de mortalidade semelhante a do Brasil (22,3 mortos a cada 100.000 habitantes), aumentou consideravelmente as multas de trânsito para controlar as infrações. Por exemplo, segundo reportagem da revista Economist (em inglês), empinar uma moto pode levar à uma multa de cerca de cerca de 6.800 reais. Salgado, não?
Investir em educação dos motoristas pode ser uma saída melhor que todas essas medidas. Segundo reportagem do site Flat Out, cerca de 60% dos acidentes fatais que aconteceram nas marginais entre 2006 e 2010 foram à noite ou de madrugada, horário em que os limites de trânsito geralmente são desrespeitados, mesmo diante de fiscalizadores de velocidades e radares. De nada adianta mudar as regras se as pessoas não passarem a respeitá-las.
Portanto, independente de qual for o limite máximo de velocidade nas avenidas ou nas rodovias em que você circula, sempre respeite e se atente à isso. Evite correr demais e causar acidentes. Você pode, além de estragar a sua própria vida, estragar a vida de quem não tem nada a ver com você.