No universo automotivo, não há sucesso maior do que o nosso querido Fusca (já vimos aqui que ele continua sendo o preferido dos paulistas), um carro que conseguiu conquistar o mundo e ter aceitação em todas as classes sociais com incríveis vínculos afetivos. Um carro clássico brasileiro e mundial sem comparação.
O começo da história do Fusca
A história do Fusca começa na Alemanha em 1934. Foi quando Ferdinand Porsche – ele mesmo, o fundador da Porsche – foi escolhido por ninguém menos do que Adolf Hitler, que já havia ascendido ao poder, para desenvolver um carro compacto e econômico para o povo alemão.
Em 1937 era criada a Gesellschaft Zur Vorbereitung des Deutschen Volkswagen, GmbH (GeZuVor), em português, “Sociedade para a Produção do Automóvel Popular Alemão”. Até o início da Segunda Guerra, em 1939, cerca de 40 protótipos do Fusca foram produzidos.
O Fusca e a Segunda Guerra Mundial
A primeira unidade definitiva do Fusca saiu da linha de produção em 1940, já com a guerra em curso, e menos de 700 unidades foram produzidas até o fim do conflito mundial. A fábrica passou a produzir veículos militares baseados no modelo. A produção foi retomada apenas em 1945 e a região da fábrica, que foi parcialmente destruída por bombardeios, foi rebatizada Wolfsburg.
Fusca ganha o mundo…
O Fusca então ganhou o mundo, sendo exportado para diversos mercados, especialmente o dos Estados Unidos. No Brasil, a história do Fusca começa em 1950, quando as primeiras unidades chegaram desmontadas da Alemanha. Os primeiros Fuscas a rodarem por aqui eram montados pela Brasmotor, uma vez que a Volkswagen ainda não tinha se instalado no país.
…e o Brasil
Nove anos depois, finalmente o Fusca era nacionalizado e torna-se um sucesso imediato. O Besouro foi o carro mais vendido do país por 23 anos seguidos, entre 1959 e 1982, mesmo já sofrendo concorrência de modelos mais modernos, como o Ford Corcel, o Chevrolet Chevette e o Fiat 147.
O Fusca ainda deu origem a uma enorme família por aqui, com modelos como:
- Kombi (que ficou em produção até 2013!);
- As peruas Variant I e II
- O cupê TL;
- O sedã 1600 (o famoso “Zé do Caixão”;
- A bem sucedida Brasília;
- Os esportivos Karmann Ghia, Karmann Ghia TC, SP1 e SP2;
- Sem contar nos inúmeros modelos fora de série feitos por fabricantes independentes.
Fim em dois atos
Um ícone não pode acabar de maneira simples e o fim da história do Fusca no Brasil foi dividido em dois capítulos. O primeiro ocorreu em 1986, quando a Volkswagen encerrou sua produção para dar espaço ao Gol, muito mais moderno, espaçoso, seguro e eficiente.
Entretanto, em 1993 o presidente Itamar Franco criou o carro popular no país e pediu a volta do Fusca. Ele foi produzido com algumas melhorias, porém com o mesmo projeto, até 1996. Com vendas baixas, o velho Besouro deu adeus definitivo ao mercado brasileiro. No México, a primeira geração foi produzida até 2003.
Fusca quatro portas
No início da década de 1970, a legislação de segurança dos Estados Unidos passava por mudanças significativas. Se o Fusca não se adaptasse a elas, poderia perder o seu principal mercado fora da Alemanha. As novas normas estabeleceram uma distância maior entre o pára-brisa e motorista. Fato que precisou ser repensado pela engenharia do Volkswagen.
Além disso, modelos compactos japoneses ultra econômicos e muito mais modernos da Honda e da Toyota começavam a fazer sucesso no país norte-americano, embalados pela crise mundial do petróleo.
O designer Herbert Schäfer então elaborou um projeto de Fusca com quatro portas, maior distância entre-eixos, novos capô e para-brisa. Além disso, vieram mudanças na tampa de motor e um para-choque maior e mais seguro. Lanternas e janelas ficaram um pouco maiores.
O Super Fusca
Apesar do esforço, este “Fusca mutante” nunca saiu da fase de protótipo, porém serviu de base para o Super Beetle. Entre outros aperfeiçoamentos, o “Super Fusca” americano trazia suspensão dianteira McPherson – que permitia um porta-malas 86% maior e melhor estabilidade. Além de para-brisas maior e curvado, capô elevado e com base reta, e painel independente de plástico.
Sai Fusca, entra Golf
Mesmo com estas evoluções, a história do Fusca começava a chegar ao fim, uma vez que já era um produto defasado do ponto de vista técnico. A Volkswagen já trabalhava em seu sucessor desde 1969, porém sem sucesso. Em 1970, a fabricante alemã encomendou ao estúdio italiano Italdesign, do famoso designer Giorgetto Giugiaro, o projeto de três carros que seriam o Passat, o Scirocco e o Golf.
Com design atemporal, modernidades como motor dianteiro refrigerado a água e em posição transversal, tração também dianteira, ótimo espaço interno, o Golf pôs um ponto final na história do Fusca em 1974. Tornou-se, então, o maior sucesso da Volkswagen e já está em sua oitava geração.
Da Brasília ao Gol
No Brasil, a história do substituto do Fusca foi um pouco diferente. Inicialmente, coube à Brasília a árdua tarefa. Projeto nacional feito sobre a base do Fusca, a Brasília era um misto de hatchback e perua com muito mais espaço do que o modelo que sucederia.
No entanto, tinha as mesmas limitações técnicas do Fusca e seu projeto de 40 anos. A Brasília não conseguiu tomar o lugar do Fusca e foi produzida de 1973 até 1982, saindo de linha quatro anos antes do modelo que ficou encarregada de aposentar.
Aquele que seria o verdadeiro substituto do Fusca surgiu em 1980 e por pouco não teve o mesmo fim da Brasília por um erro da Volkswagen. Inspirado no Golf e no Polo, o Gol chegou ao mercado com o mesmo motor boxer refrigerado a ar do irmão mais velho.
Mesmo sendo mais moderno e espaçoso, patinou nos primeiros anos e deslanchou apenas em 1984, quando a Volkswagen corrigiu o projeto e passou a equipar o Gol com motor refrigerado a água. O sucesso veio, o Gol encerrou a história do Fusca por aqui e foi líder de vendas entre 1987 e 2013. Com mais de nove milhões de unidades produzidas, o Gol ainda segue firme no mercado brasileiro.
Renascimento do Fusca
Os fãs do Fusca puderam matar a saudade a partir de 1998, quando a Volkswagen lançou o New Beetle. Mas do velho besouro só havia o nome e a inspiração do design. O New Beetle tinha a quarta geração do Golf como base, com motor e tração dianteiros.
Em 2012, a sexta geração do hatchback novamente foi o ponto de partida para o novo Fusca, que passou a adotar seus apelidos em cada um dos mercados onde foi vendido. Esta nova tentativa chegou ao fim em 2019 e colocou definitivamente um fim na história do Fusca.
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Última atualização em 14/05/2021