Gasolina adulterada é um problema recorrente em nosso país. O Brasil está entre os países que mais adultera combustíveis no mundo. Os números são alarmantes. Só no entre janeiro e abril de 2019, um total de 2.595 postos foram flagrados pelo IPEM (Instituto de Pesos e Medidas) com algum tipo de adulteração. Detalhe: isso apenas no Estado de São Paulo!
Além do prejuízo ao bolso, a gasolina adulterada pode causar danos sérios ao motor e aos componentes do carro, aumentando ainda mais o rombo no orçamento. Separamos abaixo algumas dicas para que você não caia na roubada de abastecer com combustível adulterado. E, caso abasteça, como identificar a fraude.
Como o combustível chega ao motor
Para começar, uma explicação básica para saber o caminho que o combustível percorre dentro do carro. Ao abastecer, ele é armazenado no tanque. Uma bomba elétrica instalada em seu interior suga o combustível e o manda para o motor por meio de uma mangueira. No meio do caminho, ele passa por um filtro para retirar as impurezas.
Ao chegar ao motor, o combustível é pulverizado para dentro dos cilindros pelos bicos injetores e misturado com ar. As velas de ignição produzem uma faísca e ocorre uma explosão que força o pistão para baixo, movimentando, na ordem, o virabrequim, o câmbio e as rodas.
Álcool e Gasolina adulterada
Agora que sabemos a trajetória do combustível e seu fim, vamos conhecer os principais tipos de adulteração praticados pelos postos desonestos.
Bomba adulterada
Este tipo de adulteração é bastante comum e não envolve a qualidade do combustível e sim a quantidade. Um mecanismo eletrônico instalado na bomba mostra no visor uma quantidade maior do que a que realmente entrou no tanque. Por exemplo: ao invés de 30 entram 27 litros. Você paga mais e leva menos. E não é só a gasolina adulterada. Pode acontecer com todos os combustíveis.
Para reconhecer esta fraude, prefira sempre encher o tanque, pois com quantidades menores é mais difícil perceber. Peça que o frentista abasteça somente até o primeiro desarme da bomba. Confira no manual do proprietário quantos litros cabem no tanque do seu carro. Pequenas variações são normais, mas se aparecer no visor uma quantidade muito discrepante, desconfie.
Etanol “molhado”
A fraude mais comum no etanol é a mistura de água. O etanol vendido nos postos é do tipo hidratado, isto é, tem no máximo 7% de água em sua composição. A adulteração consiste em misturar ainda mais água. Os principais sintomas no carro são dificuldade ao dar partida, falhas no funcionamento, perda de desempenho e aumento no consumo.
A longo prazo, o uso de etanol molhado pode aumentar a corrosão de componentes que entram em contato com o combustível e contaminar o óleo do motor, reduzindo drasticamente sua capacidade de lubrificação.
Outras fraudes são a mistura de etanol anidro (que é alaranjado, utilizado na mistura com a gasolina e não sofre tributação na saída da usina) com etanol hidratado e mais água ou a mistura com metanol, que é mais barato, porém altamente tóxico e pode até derreter a cabeça do pistão.
Gasolina adulterada
Por ser um derivado de petróleo e ter cor alaranjada, a gasolina tem uma ampla gama de substâncias que podem ser misturadas. Além da água, a benzina industrial – conhecida como solvente de borracha – é bastante utilizada. Também são comuns as adições de aguarrás, óleo diesel e querosene.
Em todos os casos os sintomas da gasolina adulterada são parecidos com os do etanol “batizado”: partida difícil, aumento do consumo, perda de desempenho e falhas. Outro sintoma é a batida de pino, ou pré-detonação, que é a combustão espontânea da gasolina antes da faísca da vela. Trata-se de um “tec-tec” metálico vindo do motor ao arrancar com o carro.
Outra fraude muito comum é a adição de etanol à gasolina. Por lei, a gasolina vendida nos postos deve ter 27% de etanol anidro em sua formulação. Os postos fraudulentos misturam etanol hidratado, elevando a proporção. Nos carros flex, o único sintoma é um consumo maior quando abastecido com gasolina. Em modelos movidos somente à gasolina, o carro falha, fica difícil de ligar e tem aumento do consumo.
Há postos que vendem gasolina comum como se fosse aditivada, que é mais cara. Se não for adulterada, não ocorrerão danos ou falhas no funcionamento do motor. O maior prejudicado será o seu bolso.
Prepare o bolso
Em todos os casos, os danos em longo prazo são grandes. Mangueiras e componentes de borracha são severamente atacados e podem se desfazer. A bomba de combustível oxida e pode parar, além de haver danos nos bicos injetores, velas e carbonização de válvulas e pistões. No caso de carros compactos mais baratos, os custos de reparo variam de R$ 300 a R$ 2.500. Em modelos importados, a conta pode passar facilmente dos R$ 10.000.
Diesel adulterado
Assim como a gasolina adulterada é um problema, o óleo diesel também sofre com adulterações. O combustível costuma ser batizado com querosene, óleos vegetais, óleos queimados, solventes, diesel marítimo ou água com corante vermelho e etanol.
Como nos carros com gasolina adulterada, haverá mau funcionamento do motor, entupimento dos bicos injetores e dos filtros, aparecimento de borra no tanque, corrosão no sistema de combustível, aumento de consumo, perda de potência do motor e aumento das emissões.
Fique de olho
Não há muitos segredos para evitar abastecer com gasolina adulterada. A primeira coisa é fugir de postos com preços muito baixos ou com aparência muito desleixada. As bombas devem seguir um padrão. As de etanol devem ter o densímetro, que permite que o cliente veja a coloração (transparente) e a densidade do combustível.
Não é uma regra, mas os postos de bandeira branca costumam ser mais autuados por irregularidades nos combustíveis do que os de bandeira de companhias petrolíferas. Sendo assim, procure sempre abastecer em locais conhecidos. Se desconfiar de um posto, você pode fazer uma denúncia à ANP (Agência Nacional do Petróleo) através do site ou pelo telefone 0800-970-0267.
Além dos sintomas amplamente citados acima, os carros costumam acender no painel a luz de alerta de problemas no motor quando abastecidos com combustível adulterado. Se você abastecer em um posto suspeito e seu carro começar a falhar ou perder desempenho, tente gastar um pouco e então complete com combustível de boa procedência, de preferência aditivado. Se não resolver, procure um mecânico. A solução será a drenagem do combustível do tanque e a limpeza completa do sistema de injeção de combustível.
Última atualização em 06/01/2020