Quem mora em um grande centro como a cidade de São Paulo, já conhece bem os desafios que irá enfrentar todos os dias. Não é de hoje que a cidade é conhecida pelos seus engarrafamentos quilométricos. Há também o problema do tamanho da frota de veículos em São Paulo e a falta de investimentos em políticas que favoreçam o transporte público. Isso porque, eles estão à frente de um panorama preocupante.
No deslocamento diário, ao final do ano, estamos perdendo em congestionamentos um tempo equivalente a um mês e meio. A nossa saúde também está sentindo. De acordo com pesquisadores, respirar o ar de uma cidade como São Paulo por duas horas. É o mesmo que fumar um cigarro.
Frota de veículos em São Paulo cresceu mesmo com estagnação econômica
Estudos apontam que a cidade de São Paulo está perto de atingir a marca de 6 milhões de carros. A taxa de motorização – que relaciona o número de habitantes com a quantidade de veículos – cresce em uma evolução de dois para um, na capital do estado.
Segundo dados do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), a relação é de um carro para 4,8 habitantes. E esse comportamento se manteve em linha ascendente nos últimos 10 anos. O estado de São Paulo apresenta maior motorização. Sendo o responsável por mais de um terço da frota total presente em território nacional.
Mesmo entre os anos de 2015 e 2016, período em que o Brasil passou por uma fase de estagnação econômica, houve um crescimento de 0,7% na frota de veículos em circulação no país. O estudo também apontou que nesse mesmo intervalo de tempo houve uma queda de 0,9% no número de ônibus nas ruas.
Congestionamentos roubam quase três horas diárias
O aumento da frota de veículos em São Paulo levanta questões relacionadas ao futuro da mobilidade. Uma pesquisa encomendada pela Rede Nossa São Paulo, mostrou que quem usa carro todos dias para se locomover, leva em média 2h58 preso em congestionamentos. Ao final de um ano, somaria uma tempo equivalente a um mês e meio desperdiçado em engarrafamentos.
Soluções como investimentos em transporte público sempre foram debatidas. Entretanto, existe uma resistência por parte da população em migrar do transporte individual para o coletivo.
O Instituto de Defesa do Consumidor (Ideac) realizou uma pesquisa com moradores da cidade de São Paulo sobre a percepção com relação ao transporte público municipal de ônibus. Foram avaliadas quesitos como segurança, limpeza e manutenção, lotação, fluidez e capacitação dos motoristas.
Em uma escala de notas de 0 a 5, apenas o item segurança teve uma nota superior a 3. As impressões foram coletadas ao longo de 10 meses, entre 2016 e 2017. Foram analisadas mais de 1700 opiniões.
Ciclovias mostram um novo caminho
Uma alternativa ao transporte público é o incentivo a utilização do transporte individual não-motorizado. Como as bicicletas. E as iniciativas para a ampliação da rede de ciclovias têm ganhado importância em todo o Brasil.
Em dois anos, houve uma ampliação da ordem de 21% das vias dedicadas ao uso de bicicletas, em 19 capitais. São Paulo lidera o ranking com 468 km de malha registrados em 2017. Seguido da cidade do Rio de Janeiro, com 450, e Brasília, com 420. Os dados foram acompanhados pela Mobilize, um portal dedicado à mobilidade urbana sustentável.
Em contrapartida, o incentivo ao uso da bicicleta como alternativa ao transporte ainda está longe de ser um caminho seguro. A CET Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo divulgou um aumento de 23,3% no número de mortes de ciclistas em 2017. Entre as causas dos acidentes, são apontadas condições adversas como falta de sinalização adequada. E limitação da rede de faixas exclusivas para a circulação de bicicletas.
Para regulamentar essa relação entre ciclistas e motoristas existe resolução no Código de Trânsito Brasileiro. Ela determina a forma mais segura de trafegar em vias que não sejam dedicadas exclusivamente para essa finalidade. Quem for pego em situação de risco, pode ser multado.
Impactos à saúde de quem vive em uma grande cidade
A opção pelo transporte individual motorizado e o aumento da frota de veículos em São Paulo também trazem consequências maléficas à saúde de quem vive na cidade. Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) dizem que respirar o ar de São Paulo por duas horas no trânsito seria o equivalente a fumar um cigarro.
Segundo a ONU Meio Ambiente e a Organização Mundial de Saúde, a poluição do ar é a causa da morte de 7 milhões de pessoas no mundo todos os anos. Mais de 80% das cidades têm poluição acima dos níveis recomendáveis.
Transporte por aplicativos são opção à mobilidade?
Para quem não abre mão da individualização, as empresas de transporte de passageiros por meio de aplicativos têm sido a opção mais frequente. Especialistas ainda debatem os reais impactos causados por esse tipo de transporte para o alívio do trânsito.
Com atuação mais expressiva desde 2014, empresas como Uber, Cabify e 99 ainda estão se provando como opção à mobilidade urbana. Isso porque se o número de pessoas que optam pelo serviço individual está migrando do transporte coletivo, a quantidade de carros nas vias só se faz aumentar.
Essa é uma tendência verificada, principalmente, nos horários de pico (começo da manhã e final da tarde). O fluxo no transporte público alcança níveis mais altos.
A regulamentação da atividade dessas empresas também tem enfrentado uma batalha em todas as cidades nas quais estão em funcionamento. Mas, um texto aprovado na Câmara dos Deputados em março de 2018, complementa um projeto de lei em tramitação. Ele estabelece regras para a operação desses aplicativos. O projeto agora segue para sanção presidencial.
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Veja também nosso post sobre pesquisa que aponta: aplicativos de trânsito estão atrapalhando a mobilidade.