Costuma-se dizer que só de deixar a concessionária o carro zero quilômetro já começa a desvalorizar. Infelizmente é a mais pura verdade. A partir do momento que o carro é faturado e emplacado, ele já passa a valer menos. É a famosa depreciação de carro. Ela nada mais é do que uma redução no valor do bem decorrente do seu desgaste pelo uso. Entretanto, outros fatores contribuem – e muito – para a queda no preço.
Depreciação de carro: no primeiro ano o tombo é maior
A depreciação de carro tende a ser maior no primeiro ano de uso. E isto tem uma explicação. Para que o carro seminovo seja atraente do ponto de vista financeiro, ele não pode ter preço muito próximo ao de um novo. Caso contrário os compradores em potencial logicamente escolherão o modelo zero quilômetro.
Então, para que seu valor se distancie do carro novo e sua liquidez seja boa, a desvalorização é um pouco mais alta no início e cai nos anos seguintes. Segundo levantamento feito na tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), um Honda HR-V EXL 1.8 perde 13,6% do seu preço no primeiro ano. Já no segundo perde 7,5% e no terceiro, 8,5%.
Entre os carros nacionais mais vendidos, a depreciação de carro média fica entre 7% e 15% no primeiro ano de uso. Em modelos com menor procura, entre 18 e 22%. Já entre os importados, atinge até 40%. A justificativa para a queda maior é a procura muito restrita e os custos de mais altos com manutenção, seguro e impostos.
Se ninguém quer quando novo, ninguém quer quando usado
Há muitos outros fatores que influenciam na depreciação de carro. Um deles é a procura. Por exemplo, um modelo que não faz muito sucesso quando novo dificilmente fará quando for usado. Como poucas pessoas se interessam pelo carro, seu preço deve ser menor do que o dos concorrentes para que ele possa ser vendido. Isso significa que sua desvalorização será maior.
Um exemplo. Um Chevrolet Onix, que foi o carro mais vendido do Brasil em 2019, perde 11,6% do seu preço após um ano se considerar a versão de entrada Joy 1.0. Já no Nissan March, que foi apenas o 51º no ranking de vendas, a desvalorização da versão SV 1.0 chega 19,6%. As taxas de depreciação foram calculadas com base na tabela FIPE.
Mesmo modelos bem vendidos podem sofrer desvalorização maior em algumas versões. SUVs e sedãs médios com câmbio manual, por exemplo. O Volkswagen T-Cross, que foi lançado em março de 2019 e terminou o ano como o SUV mais vendido do Brasil, é um bom exemplo. A versão 1.0 TSI com câmbio manual perde quase 9% do preço no primeiro ano, contra 7% do T-Cross 1.0 TSI automático.
Menos rodado, menos desvalorizado
Outro fator determinante na depreciação de carro é a quilometragem. Um Toyota Corolla XEI 2.0 2018 com odômetro abaixo dos 20.000 quilômetros custa hoje, em média, R$ 86.000 no Estado de São Paulo. O valor é até mais alto do que o da tabela FIPE (R$ 84.500). Já um modelo exatamente igual, mas com 60.000 quilômetros rodados, é vendido por preços entre R$ 77.000 e R$ 80.000.
Um carro com todas as revisões na concessionária, ainda na garantia e com pintura sem retoques, manchas ou riscos sempre será mais valorizado. Outro aspecto que influencia bastante na depreciação de carro são as cores. Modelos em tons extravagantes não têm boa aceitação no Brasil e perdem mais valor do que outros pintados em tonalidades mais sóbrias. Tanto é que quase todas as fabricantes tiraram do catálogo as cores chamativas.
Quebra muito? Vale menos
Modelos conhecidos por defeitos crônicos geralmente apresentam desvalorização maior. É o caso dos carros com câmbio automatizado, por exemplo. Se o carro tiver na carroceria o logotipo Easytronic (Chevrolet), Dualogic (Fiat), Powershift (Ford), Easy’R (Renault) ou I-Motion (Volkswagen), fique atento. Pode ter certeza que ele vai custar menos do que um exatamente igual, porém com câmbio manual convencional.
Sushi x Croissant
Até a nacionalidade do fabricante tem influência na depreciação de carro no Brasil. Fabricantes de origem japonesa, especialmente Honda e Toyota, ganharam fama pela robustez e confiabilidade de seus carros. Eles desvalorizam menos do que similares de marcas ocidentais. A Nissan e a Mitsubishi não atingiram o mesmo status e estão na média do mercado.
Já com as francesas é o inverso. Citroën e Peugeot tinham pós-venda ineficiente e problemas de resistência e durabilidade nas décadas de 1990 e 2000. Até hoje não perderam esta incômoda fama, mesmo com evoluções nos dois quesitos.
Um Citroën C4 Lounge Shine 1.6 Turbo, o topo da gama do sedã, perde 18% no primeiro ano e 12% no segundo. Em um Honda Civic EXL 2.0 são 12% e 5,2%, respectivamente. Uma diferença considerável. A Renault goza de melhor reputação, muito embora tenha sofrido com modelos maiores no passado, como as linhas Mégane e Fluence.
O mundo real da depreciação de carro
Em um cenário perfeito, você vai perder menos dinheiro se escolher um modelo que esteja no topo do ranking, em uma cor sóbria e na versão mais procurada. Na vida real, contudo, a coisa é diferente. Os carros mais procurados costumam ter pouco – ou nenhum – desconto na negociação. Além disso, as concessionárias não costumam valorizar muito o usado da troca.
O ideal é definir suas prioridades no novo carro. Escolha alguns modelos que agradem e, muito importante, pesquise a desvalorização e aceitação no mercado. Depois calcule o que compensa mais. Um queridinho do mercado que custa mais caro e requer um investimento maior na troca, ou aquele modelo que não atrai tantos olhares, mas é um bom negócio, mesmo com a desvalorização maior.
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Última atualização em 07/01/2020