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Brasília e a faixa de pedestres

Por 20 de julho de 2016agosto 13th, 2024Mobilidade
brasilia e a faixa de pedestres

Brasília é uma cidade peculiar, conhecida por diversos atributos: centro do poder, cidade planejada, ícone arquitetônico, iniciativa ousada de JK, endereços que mais parecem coordenadas cartesianas. E também como a cidade onde carros param para pedestres na faixa.

É super comum ver pessoas que não são de Brasília comentando esse hábito, e até mesmo testando se essa história de Brasília e a faixa de pedestres é mito ou verdade. Verdade! As faixas são de fato respeitadas, por motoristas e pedestres. Porque se o pedestre não for prudente ao se aproximar da faixa, é claro que ele corre o risco de não ser visto pelo condutor do veículo.

Atravessar a rua na prática em Brasília

O trato é bem simples e nasceu de uma campanha de conscientização social muito bem sucedida, o que alguns estudiosos classificam até como uma intervenção cultural. O pedestre para no começo da faixa (ainda na calçada) e dá “sinal de vida” – estica o braço na horizontal indicando que pretende atravessar. Assim os motoristas entendem a mensagem e reduzem a velocidade até parar. Nesse momento, a pessoa atravessa a rua tranquilamente, em segurança, e os carros retomam seu caminho.

Brasília e a faixa de pedestres

Essa iniciativa veio da necessidade de tornar o trânsito de Brasília mais gentil, como diria a Porto Seguro. A cidade é feita de pistas retas e largas, justamente planejadas para facilitar a circulação de veículos, e com um grande potencial para alta velocidade e imprudência. O número de acidentes e mortes por atropelamento era muito alto e precisava ser controlado. Um grupo chamado Fórum Permanente pela Paz no Trânsito, formado por governo, mídia e entidades da sociedade civil, começou a discutir um plano para reverter esse  quadro. Ele abordava diversas alternativas para atingir a mudança desejada. De sanções, como as multas por exceder a velocidade aplicadas pelos radares instalados por toda a cidade, ao engajamento popular com a organização de uma passeata por ruas mais seguras.

A narrativa do momento em que surgiu a ideia de respeitar a faixa de pedestres é assim, segundo o Prof. Dr. David Duarte de Lima, da Universidade de Brasília. “…até que um louco varrido veio, um sujeito desmiolado, resolveu fazer a proposta mais louca do mundo, mais maluca, mais inaceitável, mais indecente e mais perigosa do mundo. Ele se levantou e disse: ‘olha, nós vamos respeitar a faixa de pedestres agora. O pedestre na faixa vai ter preferência.’ Foi um pânico geral! Todo mundo ficou pasmo, inclusive os técnicos. ‘Esse cara tá louco?’ O nome desse cara é Renato Azevedo. E aí começou a tal da faixa de pedestres.”

Perspectivas e possibilidades

A adaptação a esses novos hábitos certamente foi longa e lenta, mas 19 anos depois do ponta pé inicial, o Distrito Federal tem, além dos motoristas que se adequaram a esse modelo, aqueles que cresceram nesse ambiente e adquiriram esse respeito às regras de trânsito e à boa convivência naturalmente.

Será que outras cidades não poderiam criar movimentos semelhantes? E Brasília? Quais novos planos ela tem para os seus novos desafios?

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